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Manuel Lima, UX Design Manager na Google é também membro da Royal Society of Arts, nomeado pela revista Creativity como “uma das 50 mentes mais criativas e influentes de 2009”, Manuel Lima é o fundador da VisualComplexity.com e professor de Data Visualization na Parsons School of Design em Nova Iorque.
Com mais de 12 anos de experiência na criação de produtos digitais, Manuel trabalhou na Codecademy, Microsoft, Nokia, R / GA e Kontrapunkt.
Manuel é uma voz líder em visualização de informação e tem discursado em numerosas conceituadas conferências, universidades e festivais ao redor do mundo, incluindo TED, Lift, OFFF, Eyeo, Visualizado, Ars Electronica, Harvard, MIT, Yale, Royal College of Art, ENSAD Paris, Universidade de Amsterdam, MediaLab Prado Madrid.
Autor de três livros, é agora entrevistado pelo uiux.pt sobre a sua carreira e sobre a sua opinião face ao mundo de User Experience.
1. Qual a tua definição para UX Design?
É o processo de criação de produtos, na sua maioria digitais, que proporcionem uma experiência eficaz, relevante, e satisfatória.
2. R/GA, Nokia, Microsoft, Codecademy e, neste momento, Google. Um percurso profissional notável e digno de talento. Como está a correr o desafio de ser UX Design Manager na Google?
Está a correr bem. Lidero uma equipa multifacetada com diversas funções na área de UX, parte da Google Cloud.
3. Há cerca de 10 anos atrás estavas na Nokia como Senior User Experience Designer. Esta “profissão” sempre esteve presente nas maiores empresas do mundo, mas apenas agora está a chegar a empresas médias/pequenas. Qual é a tua posição face à importância de um User Experience Designer dedicado a um produto digital?
É uma função importante. Cada vez mais dependemos de experiências digitais no nosso trabalho e vida pessoal, passando muitas horas diariamente frente a um ecrã. Muitas das nossas frustrações contemporâneas passam por más experiências com produtos ou aplicações digitais fruto de um descuido no que diz respeito à user experience (UX) subjacente. Do mesmo modo, muitas alegrias modernas, ainda que subtis, passam por user experiences eficazes.
4. Visual Complexity, um projeto à escala mundial. O uiux.pt congratula-te pelo grande contributo mundial, obrigado pelo excelente projeto! De que forma o Visual Complexity moldou o teu perfil como UX designer? Que inspirações absorves deste projeto para aplicar no teu trabalho diário?
Aprendi que as áreas de data visualization e user experience estão mais próximas daquilo que podemos imaginar, partilhando muitos dos mesmo desafios, tendências, e princípios de execução.
5. O motor de busca Google é conhecido em todo o mundo. Líder no ranking mundial de websites, é visitado com dois grandes intuitos: lazer e trabalho. Estes factos obrigam a empresa e os seus colaboradores a ter uma grande responsabilidade no User Interface, no User Experience e acima de tudo na usabilidade. Como é a metodologia de trabalho e flow entre UX e UI da tua secção?
Eu trabalho na Google Cloud. O triângulo na maioria das equipas de desenvolvimento de produto da Google é composto por UX, PM (product development), e Engenharia. Dentro de cada equipe de UX existem várias funções responsáveis por diferentes aspectos de UX/UI: Interaction Design, Visual Design, User Research, UX Engineering (prototipagem), Content Writing, Program Management.
6. Qual é o método preferencial da Google para testar a usabilidade de um produto?
Existem vários métodos mas um dos mais eficazes passa pela definição e medição de Critical User Journeys (CUJs). O primeiro passo é definir as CUJs de um determinado produto digital e depois é atribuída uma escala aos vários passos que contribuem cada CUJ através de user research. O objetivo é melhorar continuamente os valores da CUJ, particularmente quando existem passos problemáticos (acessibilidade, usabilidade, contraste, etc) na experiência do utilizador.
7. Google.com, a interface do motor de busca é sempre um caso de estudo alargado. Qual é a tua opinião acerca desta interface limpa, concreta e praticamente uniforme ao longo de quase 30 anos?
Penso que é um grande exemplo de luta contra o princípio de design universal denominado por Horror Vacui, ou medo do vazio. Horror Vacui descreve uma tendência humana de encher espaços vazios com objectos ou elementos vários. Mas o interessante é que à medida que esta tendência aumenta, e um determinado espaço fica repleto de objectos, o valor e prestígio associado ao espaço tende a decrescer. Ou seja, uma interface limpa é percepcionada como sofisticada, moderna e de valor acrescentado.
8. Nos dias de hoje, uma das principais formas de ser eficaz a produzir uma aplicação é desenhar com fundamento no Material Design, o vosso User Kit. Esta questão obriga a Google a manter estudos, investigações e prototipagem muito pormenorizadas para dar passos certeiros nos updates do MD. Esta framework é uma grande estratégia de negócio e desenvolvimento para a empresa? Como UX Designer o que achas do Material Design?
Penso que foi uma das melhores ferramentas de design criadas pela empresa. Não só se tornou fundamental no desenvolvimento de quase todos os produtos digitais da empresa, melhorando aspectos como consistência, usabilidade e acessibilidade, como também cimentou o papel da Google na comunidade de Design, contribuindo com uma visão única face aos novos desafios tecnológicos.
9. Quais são os principais métodos de User Research que usas enquanto modelo preferido para aplicar no projetos/produtos em que estás inserido, na Google?
Trabalhamos sempre com um vasto leque de abordagens relativamente a User Research, desde research qualitativa a quantitativa, pré-lançamento ou pós-lançamento. Um dos métodos mais eficazes é o que denominamos por foundational research – onde se procura entender a necessidade ou oportunidade de uma determinada feature, antes de se dar início a qualquer processo de design propriamente dito.
10. A Google recebe milhões e milhões de visitas constantes. Quando é necessário fazer um melhoramento de UI baseado no testes de usabilidade há uma grande resistência em lançar novos updates aos vossos produtos? Ou agem de imediato?
Depende do contexto. Existem alguns produtos e funcionalidades mais sensíveis à mudança, mas de um modo geral a empresa age com grande celeridade no que diz respeito a updates, num constante progresso de melhoria dos produtos. É raro depararmo-nos com timelines na Google, pois um determinado produto ou feature nunca está completo. Existe sempre espaço para aperfeiçoar.
JL
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